segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

Eles escolheram os gatos

A cada dia mais presentes na vida dos brasileiros, os gatos cativam o coração de seus donos e desconstroem sua fama de individualistas, a partir de demonstrações de carinho, companheirismo e fidelidade



Quando se fala em animais de estimação, uma das frases mais conhecidas é a de que “o cão é o melhor amigo do homem”. No entanto, a cachorrada pode cair do trono. De acordo com levantamento realizado pela Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação (Abinpet), a criação de gatos foi a que teve o maior crescimento no país: 8,19% no último ano. Segundo a entidade, um dos motivos para a grande procura pelos felinos é que, nas grandes cidades, as casas estão cada vez menores, o que demanda animais de menor porte e, também, mais independentes. Atualmente, mais de 37 milhões de cães e 21 milhões de gatos estão presentes nos lares dos brasileiros.

Sejam eles uma paixão antiga ou uma novidade na vida dos donos, a verdade é que os chamados “bichanos” conquistam seu espaço e o amor de quem os escolheu para viver no dia-a-dia. É o caso do assistente administrativo Reinaldo Sena (31) e do professor Francelvis dos Santos (40), de Barroso, região do Campo das Vertentes, em Minas Gerais. Os dois moram juntos desde 2010 e, há um ano, trouxeram para casa o primeiro gato, chamado Paco. “Eu sempre tive gatos em casa, mas com o Reinaldo foi a partir de dezembro de 2012. Eu sempre gostei e o Reinaldo tinha pânico. Hoje, temos uma convivência perfeita, com muito amor”, declara Francelvis, lembrando que já teve cães, coelhos e passarinhos, mas que não gostou de aves por ter que deixá-las presas. E a experiência foi positiva, já que a família aumentou há cerca de dois meses, quando eles resgataram das ruas um filhote, ao qual deram o nome de Niko. Reinaldo destaca a companhia e a alegria de seus dois filhotes: “É contagiante. O carinho deles conosco é muito grande e eles trouxeram mais vida para nossa casa”, comenta ele.

Outra novata no mundo dos gatos é a microbiologista Virgínia Guerra Elizei, que vive em Lavras, região sul de Minas Gerais. A jovem de 30 anos tem uma gatinha, Lolita, desde fevereiro de 2013. Ela fala que não gostava de felinos e que o presente, recebido de seu marido, tornou-se uma grata surpresa. “Eu detestava gatos e, nos primeiros dias, quando ela veio para o nosso apartamento, ela ficava presa no quartinho o dia todo, por causa do meu medo. Só à noite, quando meu marido chegava, é que ela saía”, confessa ela, afirmando que, pouco tempo depois, o receio deu lugar à confiança e ao amor entre as duas. Virgínia declara todo o carinho que tem pelo seu animal de estimação. “A convivência com a Lolita é ótima, sou apaixonada por ela. E uma coisa interessante é que, depois que ela chegou, muitas das minhas neuras passaram. Só de ver ela brincando com uma bolinha de papel já me distrai. Meu estresse diminuiu e estou muito mais tranquila”, relata.

O número dos bichanos cresce, mas é preciso que o mercado acompanhe. Os donos de gatos são unânimes ao analisar que, em comparação com os produtos disponíveis para os cães, o mercado pet para os gatos ainda deixa a desejar. “Não tem tantos produtos quanto para cães. Os pets poderiam melhorar os itens e serviços destinados aos felinos”, desabafa Francelvis. E Virgínia concorda, mas dá uma dica: “Não há tantos produtos para gatos como existem pra cães, mas nada diverte mais um gato do que uma bolinha de papel ou uma caixa vazia de papelão. Os brinquedos do pet shop perdem para esses itens”, fala.

De acordo com Núlbia Mazzoni, veterinária da Quatro Patas Veterinária & Pet Shop, que está há pouco mais de dois anos no ramo em Barbacena, o mercado pet para gatos está cada vez mais em ascensão e aponta os principais motivos. “Hoje em dia as pessoas trabalham muito, fora de casa, e quando chegam em casa querem ter a companhia de um animalzinho de estimação. Pelo fato de ser um animal muito independente, não requer tantos cuidados como os cães, eles podem ficar horas sozinhos em casa sem problema algum”, ressalta ela, salientando que os bichos são muito higiênicos e mais comportados que os cachorros. Essa crescente procura por gatos para serem animais de estimação vai direcionar também as empresas para investirem ainda mais no mercado para os felinos, assegura ela.

Virgínia resume bem o sentimento daqueles que possuem gatos em casa. “Já tive uma cadelinha, papagaio, hamsters e outros cães. Hoje quero mais gatinhos. Estamos até pensando em mudar de casa”, confidencia. Ela lembra que gatos não precisam de tanto espaço como cachorros, são independentes, inteligentes e fáceis de ensinar. E faz questão de derrubar um preconceito que os bichanos sofrem. “Os gatos, diferentemente do que eu pensava e do que muitas pessoas ainda pensam, são super carinhosos, fiéis aos donos e muito divertidos. Essa história de que gatos são frios e traiçoeiros é uma grande mentira”, afirma.

Em 2014, os questionários do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) terão informações sobre os animais domésticos. Os dados coletados servirão de base para o Ministério da Saúde desenvolver políticas direcionadas à saúde animal. Atualmente não existem números oficiais sobre a quantidade de animais domésticos no Brasil, apenas uma estimativa, de acordo com os números de, por exemplo, venda de rações.

RhNeto

Matéria originalmente produzida para a Revista Viva Barbacena. O conteúdo pode ser também conferido no link http://www.revistaviva.net/?p=3086

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