quarta-feira, 28 de setembro de 2011

O galo de Firenze


Conta uma lenda italiana que, em meados do século XVII, disputas políticas envolvendo as cidades de Siena e Florença (Firenze, pelos italianos) quanto à extensão territorial de cada uma estavam aguçadas. Buscando resolver a situação, foi proposta a realização de uma prova para a delimitação das fronteiras.




Pois bem... A prova, uma corrida, envolveria um cavaleiro de cada cidade, que deveria sair em direção à outra assim que um galo escolhido por eles cantasse na alvorada. A fronteira seria o ponto onde eles se encontrassem. Acertado isso, o povo de Siena elegeu um galo bonito, jovem e bem nutrido para cantar na alvorada, ao tempo em que o povo de Florença escolheu um galo velho, magro, fraco, cansado e mal alimentado. É claro que o galo de Florença acordou mais cedo, pois tinha fome, e cantou antes do galo de Siena, fazendo com o que o cavaleiro de Florença tivesse boa vantagem. Essa vantagem fez com que os cavaleiros se encontrassem já bem perto de Siena e, como consequência, a cidade de Florença conquistou um território maior que a vizinha. Dizem que essa disputa também levou para Florença a exclusividade do nome do vinho Chianti, objeto de uma antiga batalha comercial entre as cidades, em cujas garrafas encontra-se estampada a figura de um galo negro.

Aproveitando o tema da Semana da Terceira Idade, que aconteceu dos últimos dias 17 a 23 de setembro, em louvável iniciativa da Divisão Lar Nossa Senhora de Fátima, do Instituto Nossa Senhora do Carmo, tentemos estabelecer um exercício de comparação entre o Galo de Firenze e nossos queridos idosos. O estimado leitor, por certo, percebeu a importância que teve um galo velho, aparentemente “inútil” e sem serventia para a sociedade. De igual forma, busquemos perceber a importância dos idosos que hoje vivem nos asilos de todo o mundo.

Boa parte de nossa história está contida nas memórias desses mais antigos cidadãos de nosso tempo. Boa parte de nossas raízes, nosso passado. E, do mesmo modo, talvez muitas perspectivas de futuro, infelizmente. Claro! Ninguém quer ficar longe da família. Por melhor que seja um asilo, ninguém quer terminar sua vida nele. Mas eles lá estão e, no entanto, continuam tão humanos quanto nós, dignos de erros e acertos, de tristezas e alegrias. Com a mesma serventia que teve, outrora, o Galo de Firenze, procuremos nesses queridos velhinhos os ensinamentos e as experiências para uma vida de mais sucessos e vitórias. Segundo o filósofo e pensador Platão, devemos aprender durante toda a vida, sem imaginar que a sabedoria vem com a velhice.

Asilos estarão sempre de portas abertas para você, seja na sua juventude ou na sua velhice. Cabe a você optar por querer praticar a convivência, a fraternidade e a solidariedade agora, enquanto está forte e busca por conhecimento, ou talvez mais tarde, quando acabar tendo que ser um novo velho galo a ensinar e contar suas vivências para os que ainda virão.

Parafraseando Drummond, “há duas épocas na vida, infância e velhice, em que a felicidade está numa caixa de bombons”. Desfrute hoje o doce vigor da mocidade e, logo mais, a doce serenidade da feliz idade. O importante é ser feliz... Sempre!
RhNeto

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