quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

Entre aspas


 

Sou um entusiasta das aspas. Quem me conhece sabe... Entre meus favoritos estão Nietzsche, Fernando Pessoa, Lenine, Zeca Baleiro, Confúcio, Cora Coralina, Voltaire, Shakespeare, Aristóteles, Einstein, Drummond, Camões, Quintana, Descartes, Herman Hesse, Oscar Wilde e Platão. E não é que eu goste de copiar, tampouco roubar suas frases. É referenciar. É mostrar um pouco sobre o que cada um pensa.

E que me perdoem as aspas contemporâneas de Caio Fernando Abreu e Tati Bernardi. Contemporâneas de literatura, modinhas das redes sociais. Não que as reprima ou minimize, mas elas tem um “quê” que não quero... Se for pelas redes sociais, minhas predileções ao jornalista (fake) Duda Rangel, ao músico Fernando Anitelli. E ponto!

E como é bom citar as aspas alheias... Tem gente que acha você um intelectual. Outros o acham um eficiente pesquisador. Outros acham que você é o maior leitor de livros do mundo. Nem um, nem outro, nem aquele outro... Sou um curioso e isso me basta para cavoucar o que há de mais interessante nas letras. Sim, cavoucar, que originou o cavucar! De acordo com o excelente dicionário Aulete, cavoucar significa abrir cavoucos em (terra); fazer trabalho de cavouqueiro: “Vieram depois os porcos, os tatus, e outros bichos, cavoucaram a cova, espatifaram o cadáver...” (Bernardo Guimarães, A dança dos ossos). Viu? Mais aspas!

Chaplin diria para “falar sem aspas, amar sem interrogação, sonhar com reticências, viver sem ponto final.” Me falta humildade... Não sonho com reticências. Sonho que minhas frases ganhem asas, ganhem aspas. Seria bacana ver um nicho de texto meu ganhando aspas por aí... Mas isso é sonho de autor pequeno. Autor grande tem a certeza de que as aspas virão. Nem precisam sonhar. Tati Bernardi e Caio Fernando Abreu são bastante “aspados”, bem mais que os meus favoritos, talvez...

Clarice Lispector disse, certa feita: “Sempre conservei uma aspa à esquerda e uma à direita de mim”. Que feliz que ela era. Mas as aspas a imortalizam... Que feliz que ela é! Abrir aspas, abrir cabeças, pensamentos, ideologias. Fechar aspas, fechar bloqueios, carências, ignorâncias. Abre aspas: “O diabo pode citar as Escrituras quando isso lhe convém”. Fecha aspas, William Shakespeare. Se o diabo pode, eu também!

E, na teoria machadiana, “uma coisa é citar versos, outra é crer neles” (Machado de Assis). Não basta citar porque é “bonitinho”. É preciso referenciar porque se acredita naquela verdade. “A leitura engrandece a alma”, disse Voltaire. Quer saber por que é que gosto tanto das aspas? Por causa dessas, especiais: “Estuda, menino!”, disse minha mãe.

RhNeto

Um comentário:

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...