Manhãs de julho em Minas sempre pedem um bom cafezinho no barzinho mais camarada da cidade. E foi por isso que fui ao simpático Bar Sant’Ana, vizinho à igreja Matriz de mesmo nome, na minha querida Barroso, tomar um gostoso e tradicional chocolate quente, o Toddy, que bebo desde que me entendo por gente. É... Dispensei o cafezinho!
E tomei o Toddy quente com um enroladinho de salsicha... Fritura das mais bombásticas e por causa das quais já tomei (e tomo) diversos puxões de orelha por ser exímio apreciador. E rebati com um incontestável bolinho de feijão, da maior supimpitude, como diria meu guru Eduardo de Almeida Reis, cronista dos jornais Estado de Minas e Correio Braziliense.
Pois bem... Eis que termino meu lanchinho matinal, coisa de dez e meia da manhã, e chega o menino que entrega salgados (dos quais nem sei origem, mas não duvido do capricho) no bar. Daí, muito atirado como sempre fui, vou logo tentar fazer graça com o guri:
“Poxa, agora que você chega? Tô te esperando aqui desde oito da manhã!” - brinquei com o moleque.
E ele, nos idos dos seus dez ou doze anos de idade, mandou pra mim, sem pestanejar:
“Pois é... Já cansei de falar com aquele povo que precisa entregar salgado mais cedo (...)”.
Surpresa minha! Fiquei feliz de ver um menino novo, criança, interessado por trabalho, por compromisso, e com atitude que falta em muito adulto... Jamais esperava ouvir isso dele... Não esperava mesmo!
Lembrei da época que eu vendia doces em Barroso pro Antônio Doceiro. Tinha de leite, de amendoim e o de dois sabores (doce de leite com cocada). Tempo bom que eu era criança, rodava de bicicleta Monareta entregando as guloseimas pelos bares da cidade. Tempo bom que eu ganhava meu dinheirinho (que era pouco, mas era muito pra mim) e que comia uns doces de cortesia do “patrão”...
É... Tempo realmente bom, do qual eu nunca pensei que sentiria tamanha nostalgia, saudade, vontade de voltar... É realmente de onde menos se espera que vem.
RhNeto
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