segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Eu sonhava em ser palhaço


Uma das melhores lembranças que tenho dos tempos que era criança é a da chegada de circos na cidade. Os acampamentos circenses iam chegando e se instalando na região do Brejinho, onde muitos curiosos se amontoavam para ver as novidades que encontrariam nas apresentações.


Lembro-me de acabar a aula e correr para o circo, para ver os animais que ficavam próximos à grade de isolamento. Via também as pessoas do circo, e ficava imaginando qual seria o malabarista, qual seria o mágico ou o domador; e principalmente qual seria o palhaço.

Ah, o palhaço! Esse sim era o motivo da minha ida ao circo. As piadas e brincadeiras, por mais previsíveis que fossem, sempre me encantavam e me faziam gargalhar. Pra mim, o palhaço do circo é aquele que mais transmite o espírito circense, a essência do picadeiro, a vocação de fazer sorrir.

E como não querer ser um palhaço? Quando criança, por mil vezes me imaginei pedindo aos meus pais para ir embora com o circo: “Deixa eu ir embora com o circo, mãe? Eu posso ser um grande palhaço!”

Que palhaço que eu sou! Que palhaçada! Quem sou eu para achar que posso ir embora com o circo? Quem sou eu para achar que tenho o dom de fazer as pessoas sorrirem? A arte do palhaço é dom do coração, da alma. Fazer rir “mais ou menos” é ser engraçado pro gasto.

Mesmo o palhaço mais clássico, o famoso “clown”, menos anedotista e mais artístico, mais comportado, tem muito mais vocação de fazer rir do que eu provavelmente terei em somadas cinco ou dez encarnações. A questão é que ser palhaço é muito sério, é profissional.

Sou um adulto, como outrora disse, cheio das obrigações rabugentas. Mas ainda me divirto e gargalho à beça quando vou ao circo. E é o palhaço que continua me proporcionando tamanha felicidade.

A esses artistas circenses, grandes mestres da arte de fazer sorrir, meu reconhecimento pelo talento, vocação e sacrifício de levar adiante uma dádiva que anda pouco valorizada nos dias de hoje. Meu sonho de ser palhaço ficou para trás. Mas a minha esperança de vê-los sempre atuando continua muito viva e presente no coração. Hoje tem marmelada? Tem, sim, senhor!

RhNeto

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