sábado, 24 de março de 2012

Cultura de educação no trânsito




No que diz respeito a trânsito, o Brasil possui uma posição mundial que envergonha, e muito, a todos nós. Segundo informações oficiais, em torno de 38 mil pessoas perdem a vida por ano no trânsito de nosso país. E, de acordo com alguns especialistas, esse número pode passar dos 60 mil, conforme informações da Rádio CBN, em 25 de outubro de 2011. Somos o 3º trânsito mais violento do mundo, perdendo apenas para Índia e China, países de dimensões continentais, assim como nós.


Em Barroso, a iniciativa de se colocar passagens e faixas para pedestres, reforçar faixas já existentes e acrescentar novos quebra-molas nas principais ruas da cidade vai de combate aos números que tanto nos assustam. No entanto, boa parte dos motoristas ainda não se habituou a seguir a lei. O que acontece é que a grande maioria dos condutores simplesmente não respeita a regulamentação, o que se caracteriza como crime.

Nossa reportagem foi às ruas da cidade para realizar testes simples. Em dias e horários diferentes, circulamos de automóvel pelos pontos onde se encontram as passagens de faixas de pedestres. Em muitas das vezes, os motoristas não dão a preferência aos transeuntes que estão a pé. E o que é pior: em uma situação específica, nosso veículo parou na faixa, deu a preferência da passagem às pessoas e, ainda assim, dois motoristas buzinaram e fizeram a ultrapassagem de nosso veículo, pela direita, avançando à faixa e fazendo com que a pedestre, uma senhora de mais de mais de 60 anos, tivesse que parar no meio da faixa.

O fato, que assustou a todos e que aconteceu na passagem que liga a Praça Sant’Ana ao Calçadão Margarida Ferreira, no centro da cidade, no entanto não foi isolado. Pelo menos por mais duas vezes pudemos constatar a mesma atitude de motoristas apressados nos arredores da Praça Sant’Ana. Além disso, percebemos situações em que muitos condutores simplesmente não deram a preferência aos pedestres, fazendo com que as pessoas tivessem que esperar para realizarem a travessia.

Segundo o Código de Trânsito Brasileiro, o condutor deve dar preferência aos pedestres e, ainda, não poderá ultrapassar veículos nas travessias de pedestres, exceto quando houver sinalização permitindo a manobra. Deixar de dar preferência de passagem a pedestre (e a veículo não motorizado) na faixa a eles destinada implica em infração gravíssima, com penalidade de aplicação de multa. De acordo com o 2º Tenente Wolkester Rouligh de Melo e Silva, comandante da Polícia Militar em Barroso, a PM realiza um trabalho de orientação e educação, não tendo, no entanto, condições de estar presente em todos os pontos que possuem as faixas de pedestres em Barroso. “A gente faz programas de rádio e, nele, abordamos esse assunto (...). Participamos de campanhas, a convite das escolas e outras entidades, especialmente na Semana de Trânsito. É uma ação à base de muito diálogo, de muito trabalho educativo”, destacou Wolkester.

O 2º Tenente lembrou, no entanto, que essa conscientização às vezes se faz necessária com ações repressivas e que atingem o bolso do condutor, através das multas. “Temos uma guarnição específica, a Patran (Patrulha de Trânsito), que faz esse trabalho diretamente com os motoristas. Algumas pessoas dizem que, ao aplicar uma multa, estamos prejudicando um cidadão de bem. Só que, ocorrendo uma infração, o cidadão continua sendo de bem, mas precisa ser autuado por ter cometido um erro”, completou o oficial, lembrando que a Polícia Militar está sempre à disposição da comunidade para cooperar nesse tipo de ação.

Em outro teste feito por nossa reportagem, no entanto, percebemos que muitos transeuntes não respeitam a travessia sobre a faixa, fazendo a passagem fora do local determinado. É importante atravessar na faixa, para que a visibilidade e segurança dos pedestres seja maior.
Para Fernanda Duarte Fachardo, diretora de ensino da Auto-Escola Potência, a educação no trânsito em Barroso tende a melhorar, já que um trabalho de conscientização vem sendo implantando nas escolas. Ela acredita que ainda possa demorar um pouco, mas o tempo trará melhores atitudes no trânsito.

Quando questionada sobre a questão do comportamento dos motoristas em Barroso, Fachardo foi direta: “Eu esperava que estivesse melhor, mas acredito que a cada dia isso vai melhorar, principalmente por parte dos mais jovens, que vem recebendo uma orientação desde a pré-escola. Acho que a cidade tem tudo para incentivar, com sinalização, placas e campanhas”, destaca ela. Sobre os pedestres, ela enxerga que as pessoas em Barroso ainda não possuem educação, já que caminham pela rua e não utilizam as passagens destinadas a elas: “Os carros param, buzinam, pedem licença e ninguém sai do meio da rua”, conclui Fachardo.

O que se percebe, em Barroso, é um descaso com a educação no trânsito, por parte das autoridades e também dos cidadãos. Uma boa campanha poderia surtir grandes resultados. Não se trata de fazer um grande investimento. Um bom trabalho nas escolas e utilizando a imprensa local ajudaria de forma significativa. Basta a todos os barrosenses um pouco de boa vontade, empenho e desejo de fazer acontecer a cultura de educação no trânsito.

RhNeto
 Matéria originalmente publicada no Barroso Em Dia

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