Recentemente me dei conta
disso. Há alguns meses, em trajeto de quase 130km que faço sempre nos fins de semana,
passei a observar um simpático velhinho vendendo frutas que provavelmente ele
mesmo cultivava na sua roça, não mais que 100 metros afastada da rodovia. Sentado
à beira da estrada, em frente a uma barraquinha humilde, de madeira pintada em
azul, no meio do quase nada, o tiozinho permanecia, como que o dia todo, com um
dos braços para cima, segurando ou a mexerica, ou a banana, ou o coco. Sei
lá... Segurava a fruta que tivesse colhido no dia.
E então eu passava de carro e
buzinava. E ele retribuía o cumprimento, acenando com a mão desocupada um
tchauzinho despretensioso. Sempre apressado, nunca parei para comprar uma fruta
sequer. Nunca parei pra saber a história daquele senhorzinho. Que besta que eu
fui...
Besta porque eu falava que ia
parar pra fazer uma entrevista com ele. Besta porque, hoje, tenho a convicção
de que aquele carinha me daria uma reportagem maravilhosa. Besta porque sei que
poderia ter aprendido uma grande lição de vida. Besta porque hoje passo pelo
mesmo trecho e não vejo o velhinho, a barraquinha azul já não está mais por lá.
Que besta que eu sou!
Curioso: nunca vi ninguém
comprando nada dele. Mas provavelmente vendia. Só que hoje não vende mais. E
hoje tenho mais vontade de parar lá e procurar saber do vendedor de frutas que
nunca conheci pessoalmente, mas temeroso de que as notícias não sejam boas, de
que o senhorzinho já não esteja entre nós, prefiro passar direto.
Enfim, o cavalo passou
arreado. E eu perdi a montaria. Agora, não adianta correr atrás do alazão. E
não haverá uma só vez em que eu passe lá e não me lembre da sua imagem à beira
da rodovia, com o braço ao alto, fruta na mão. Mas eu torço pra esse velho
potro voltar um dia, arreado novamente. Se voltar, não vou perder a chance do
galope. Ah, não vou mesmo!
RhNeto
Muito bom, meu brother!!! Dispensa comentários.
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