terça-feira, 9 de julho de 2013

Eu vi o carro passando

E o carro passou. Vruuuuuummmmmm!!! E como passaram carros. Um, dois, três, dez, vinte, centenas deles... Parecia carreata de política, procissão motorizada de São Cristóvão... Parecia dia comum das grandes capitais. Mas o dia não era comum, era dia de ver o carro que passou.


“Mas e daí se passou um carro? Carro passa toda hora!” – provavelmente viria falando meu tio Pola! Calma, Pola! O carro que eu vi era um Opala. Sim, um Opalão SS... O ano deve beirar o 77. Opalão SS 77. Magnífico! Passaram vários carros e, no meio dos carrinhos tinha um Opala, tinha um Opala no meio dos carrinhos. O poeta Carlos Drummond de Andrade nasceu bem antes que os Opalas, mas esticou as canelas em 1987... Será que teve o prazer de andar num beberrão? Tomara que sim!

Eu tive! E em vários! Meu pai mesmo teve tantos que enchiam os dedos de uma mão. Daí vem a minha loucura por esses bichões. Opala é Opala. O resto é carrinho! E, voltando ao Opala, o carro que vi passar, lembro que passou e me fez brilhar os olhos. Eu estava na histórica São João del-Rei, na porta de uma loja, e o carro passou. Passou sobrando em meio aos automóveis mortais. E eu pensava: “Quem é o dono? Quanto gasta pra deixá-lo assim impecável? Será que ele o vende? Será que um dia poderia comprá-lo?”... Enfim, um sem-fim de questionamentos enquanto o bonitão passava.

Coisa linda ver o carro passar. Coisa linda ver Opala passar. Alinhado, ousado, imponente. Preto, básico, perfeito! Meu Deus do Céu! Me dá um Opala de presente?!?! Me dá saúde e inteligência pra trabalhar, ganhar dinheiro e poder comprar um Opala? Comprar e manter, obviamente... Um brinquedo desses bebe mais que meu tio Sérgio e meu primo Ricardo juntos!

Muita gente o acha desastrado, grande, sem lugar... Se fosse Drummond, poderia seu poema continuar: “O amor é grande e cabe nesta janela sobre o mar. O mar é grande e cabe na cama e no colchão de amar. O amor é grande e cabe no breve espaço de beijar. O Opala é grande e nem tem onde estacionar”...

SS, Cupê, Comodoro, Gama, Collector, Caravan... 4 ou 6 cilindros, os canecos... É tudo Opala! Cada qual à sua maneira... Mas tudo Opala. Eu sou apaixonado por eles... E eu vi o carro passando. Ele passando e eu me encantando!

E quer saber o pior? Para minha tristeza particular, nunca tive o prazer de dirigir um desses. Será que Drummond teve?

RhNeto

2 comentários:

  1. Boa Rhonan!
    Belo texto!
    Desejo muita saúde a você, para trabalhar muito e comprar um Opalão.

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    Respostas
    1. Valeu, Libertas Moto Clube!

      Um dia chego lá, se Deus quiser...

      Abraço!

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