E o carro passou.
Vruuuuuummmmmm!!! E como passaram carros. Um, dois, três, dez, vinte, centenas
deles... Parecia carreata de política, procissão motorizada de São Cristóvão...
Parecia dia comum das grandes capitais. Mas o dia não era comum, era dia de ver
o carro que passou.
“Mas e daí se passou um carro?
Carro passa toda hora!” – provavelmente viria falando meu tio Pola! Calma,
Pola! O carro que eu vi era um Opala. Sim, um Opalão SS... O ano deve beirar o
77. Opalão SS 77. Magnífico! Passaram vários carros e, no meio dos carrinhos
tinha um Opala, tinha um Opala no meio dos carrinhos. O poeta Carlos Drummond
de Andrade nasceu bem antes que os Opalas, mas esticou as canelas em 1987... Será
que teve o prazer de andar num beberrão? Tomara que sim!
Eu tive! E em vários! Meu pai
mesmo teve tantos que enchiam os dedos de uma mão. Daí vem a minha loucura por
esses bichões. Opala é Opala. O resto é carrinho! E, voltando ao Opala, o carro
que vi passar, lembro que passou e me fez brilhar os olhos. Eu estava na
histórica São João del-Rei, na porta de uma loja, e o carro passou. Passou
sobrando em meio aos automóveis mortais. E eu pensava: “Quem é o dono? Quanto
gasta pra deixá-lo assim impecável? Será que ele o vende? Será que um dia
poderia comprá-lo?”... Enfim, um sem-fim de questionamentos enquanto o bonitão
passava.
Coisa linda ver o carro
passar. Coisa linda ver Opala passar. Alinhado, ousado, imponente. Preto,
básico, perfeito! Meu Deus do Céu! Me dá um Opala de presente?!?! Me dá saúde e
inteligência pra trabalhar, ganhar dinheiro e poder comprar um Opala? Comprar e
manter, obviamente... Um brinquedo desses bebe mais que meu tio Sérgio e meu
primo Ricardo juntos!
Muita gente o acha desastrado,
grande, sem lugar... Se fosse Drummond, poderia seu poema continuar: “O amor é
grande e cabe nesta janela sobre o mar. O mar é grande e cabe na cama e no
colchão de amar. O amor é grande e cabe no breve espaço de beijar. O Opala é
grande e nem tem onde estacionar”...
SS, Cupê, Comodoro, Gama,
Collector, Caravan... 4 ou 6 cilindros, os canecos... É tudo Opala! Cada
qual à sua maneira... Mas tudo Opala. Eu sou apaixonado por eles... E eu vi o
carro passando. Ele passando e eu me encantando!
E quer saber o pior? Para
minha tristeza particular, nunca tive o prazer de dirigir um desses. Será que
Drummond teve?
RhNeto
Boa Rhonan!
ResponderExcluirBelo texto!
Desejo muita saúde a você, para trabalhar muito e comprar um Opalão.
Valeu, Libertas Moto Clube!
ExcluirUm dia chego lá, se Deus quiser...
Abraço!